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Por Trás dos Milharais

Por Trás dos Milharais - Capítulo Final


Ele caminhava lentamente em nossa direção. Esboçava um enorme sorriso em seu rosto, repleto de cicatrizes.

-Se correrem sentirão mais dor! – Exclamou Cliv.

George me puxou para dentro da casa e trancou a porta.

-Vamos achar um lugar para nos esconder – Falou Claire.

-Vamos para o sótão – Disse Marcos, ofegante.

Todos subiram para o sótão. Era um lugar quente e escuro.

-E agora? Ele vai subir aqui! – Gritou George.

-Se acalme. – Disse, olhando pela janela.

Lá fora todos os espantalhos haviam virado cinzas. Pensei num jeito de enfraquecer Cliv e matá-lo. Até que algo me veio a mente.

-George, quero que me ajude a ir até a cozinha. E Marcos, fique aqui com a Claire.

Descemos as escadas com precaução. Seguimos até a cozinha sem o menor problema.

-Onde será que ele está? – Perguntou George, tremendo e suando.

-Deve estar nos procurando nos quartos. – Respondi.

Revirei as gavetas e prateleiras até achar o que eu queria. Peguei o saco de sal e segui para o sótão novamente.

Na escada de acesso ao sótão vimos Cliv. Que se dirigia para matar Marcos e Claire.

-Saiam daí! – Gritei.

Cliv olhou para trás e nos viu.

-Então o gordinho está aqui! Você será o primeiro! – Exclamou.

Ele correu na direção de George. A peixeira em suas mãos até parecia leve. A velocidade em que ele segurou o pescoço de meu amigo foi impressionante. Ele apertou-o com força, suas unhas entravam em sua pele, muito sangue era jorrado.

-Largue ele! – Gritei, tentando acertar um soco em sua face.

O soco atingiu seu rosto em cheio, mas não causou nenhum dano. Ele continuou segurando George.

-Assista seu amigo virar adubo! – Exclamou, sorrindo ainda mais.
Cliv segurou firme sua lamina e abriu a barriga de George com um forte movimento. Suas entranhas podiam ser vistas caindo no chão.

-Não! – Gritei.

-Sim! Sim! – Disse Cliv.

Ele segurou George e jogou-o pela janela.

-O solo ficará bem mais forte com esse aqui! Agora é sua vez. - Ele apontou para mim e sorriu.

Meu corpo inteiro estava congelado. Corri para fora da casa.

-Se der mais um passo seus amigos morrem agora mesmo! – Ameaçou.

Eu já estava no gramado. Cliv apareceu na porta segurando Claire e Marcos pelos braços. Sua peixeira estava guardada em um suporte em sua cintura.

-Quando o solo está nutrido você fica mais forte? – Perguntei.

-Vejo que entendeu.

-E se eu fizer isso? – Disse, jogando sal pela terra.

-Inteligente, porém não eficaz. Espero que tenha sal o bastante para a fazenda inteira.

Claire se soltou de seu braço e tentou correr. Cliv agarrou seus cabelos com força e a arrastou pelo chão.

-Se acha esperta não é?

Nesse momento ele puxou com mais força, arrancando seus cabelos juntamente com o couro cabeludo. Os gritos agonizantes de Claire podiam ser ouvidos de longe.

-Gostou querida? – Cliv riu novamente e pisou em seu pescoço, o quebrando como um copo de plástico.

-Cliv! Você por aqui? – A voz rouca não deixou duvidas de que era Pedro.

-O que quer aqui? - Perguntou Cliv.

-Quero apenas ver você morto... finalmente. – Respondeu, tirando um punhal de sua cintura.

Pedro caminhou até a distancia de um palmo de Cliv.

Marcos conseguiu se soltar e ficou ao meu lado.

-E como você pretende me matar? – Perguntou Cliv.

-Você nem imagina. – Pedro respondeu.

Cliv tirou sua peixeira da cintura e ergueu no ar. Pedro reagiu rapidamente, fincando seu punhal na parte abdominal de Cliv.

-Não dói tanto assim. – Um pouco de sangue saiu de sua boca.
Pedro ergueu a faca, ainda dentro dele, como se quisesse atingir todos os órgãos internos de seu inimigo.

Vimos o lugar ficar claro, varia tochas foram acendidas em cima do morro.

-Os moradores cansaram de sofrer. Querem vingança. – Disse Pedro, sorrindo – E agora desgraçado?

-Não vai ser tão fácil. – Respondeu, olhando a multidão se aproximar. – Morra!

A peixeira de Cliv atravessou a cabeça de Pedro. Um pedaço de sua cabeça caiu perto de nós. Ele tirou o punhal de sua barriga e lambeu o sangue, ainda sorrindo.

-Agora sim! O fim está próximo! – Exclamou.

A multidão correu em direção a ele. Tochas e pedaços de madeira atacaram o assassino.

-Acho melhor sairmos daqui. – Falou Marcos.

-Vamos até o portão da frente ver se a policia está a caminho. – Disse.

-Será que eles vão conseguir matá-lo? - Marcos me perguntou.

-Espero. – Tentei ser positivo.

Olhando para trás vi tudo ficar escuro novamente.

-Filho da puta! – Gritei, ao ver toda a multidão morta.

Conseguiu matar todas aquelas pessoas tão facilmente, pensei.

-Só há um jeito de acabar com isso. – Falei. – Fique aqui.

Corri em meio aos mortos e achei uma faca. O desespero tomou conta de mim.

Estava ficando louco.

-John, ele está ali. – Ele apontou para perto de uma arvore. – Vamos, qual é o seu plano?

Eu olhei fixamente para Cliv e sorri, finalmente havia entendido o propósito daquilo tudo. Finalmente iria conseguir me salvar.

-Qual é John? O que está acontecendo? Vamos dar o fora daqui! – Gritou.

Segurei firme a faca e cravei em seu peito. Marcos desabou no chão e seu sangue escorreu pelo solo.

-Até me sinto mais forte. – Falei.

-Será meu substituto. – Disse Cliv, orgulhoso.

-Podia ter dito antes seu propósito. – Afirmei.

-Mas daí, qual seria a graça?

Ele riu como se nunca rido antes. Seus olhos vermelhos estavam vivos e brilhantes, como se estivesse cada vez mais poderoso. 

Dois dias depois...

-E então John, vamos para a festa? Será num campo ao ar livre. Duzentas pessoas estarão lá! – Disse meu amigo, totalmente empolgado.

-Mas é claro. – Tentei esconder o sorriso em meu rosto.

Ao fechar a porta do carro vi meu reflexo no espelho. Duas pequenas manchas vermelhas começaram a se formar em meus olhos...

Autor: Firework Photos