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Passado Sangrento

Passado Sangrento - Capítulo III


Do meio da penumbra, como que disfarçada nas sombras, surgia a casa de Sezim. Só o vento se fazia ouvir pelo meio das árvores arrogantes que flanqueavam aquela imensa construção. A casa preservava as suas linhas harmoniosas, bem como toda a sua nobre monumentalidade. Acácio parou o Mercedes em frente ao edifício e observou a perplexidade no olhar de Ricardo ao vislumbrar a extravagante construção que se erguia perante ele.

Estava decrépita, pois já não era habitada há cerca de setenta e cinco anos. A casa situava-se numa bela rua tradicional da cidade, com famílias antigas e respeitadas. Fora uma casa senhorial de raiz agrícola. Uma excepcional propriedade erguida no século XIX, onde viveu ininterruptamente a família de Sezim. Agora era apenas um “museu” para ratos e aranhas. Não existiam quaisquer vestígios urbanos num raio de alguns quilômetros. Parecia que o tempo tinha parado no século XIX e assim tinha permanecido.

Depois de o seu ultimo proprietário (um conde Inglês) ter misteriosamente desaparecido em 1819, a Casa de Sezim nunca mais fora habitada por ninguém, nascendo assim o rumor da velha casa assombrada. Em 1930, o estado instaurou uma ação executiva e apropriou-se da propriedade, deixando-a ao abandono. 

Não foi preciso forçar o portão principal para penetrarem, pois apenas restavam algumas tábuas pregadas, que rangiam estridentemente quando arrastavam pelo chão. Acácio ia na frente e iluminava o corredor com uma lanterna a pilhas que retirara do seu bolso. Já no interior da casa, ambos pararam a contemplar a sua decrépita elegância: as paredes do salão nobre ainda se revestiam com um papel pintado de rara beleza.

O seu teto muito elevado conferia uma estatura descomunal ao hall de entrada. Do cimo do teto descaía uma enorme e aterradora teia de aranha, que pendia desleixadamente. Parecia estar ali para confirmar o abandono humano de décadas e décadas. Havia poeira no ar que se soltava do chão, após cada passada de cada um deles. 

É mesmo uma casa assombrada, pensaram. Acácio tomou a iniciativa e começou a subir a escada que levava ao piso superior. Achou que devia verificar os andares de cima em primeiro lugar, pois se alguém os esperasse para atacar, seria ali que se colocava, pois tirava maior vantagem posicional. Aprendera esta táctica na guerra.

-Não há ninguém, aqui! – Exclamou após ter revistado os quartos do andar de cima.

-Parece que aqui em baixo também não! – Respondeu Ricardo com uma entoação de alívio.

Um estrondo vigoroso de um trovão suspendera o silêncio sepulcral que se sentia na casa e a chuva começou a cair vigorosamente. Lá fora, o vento zunia zangado, forçando os carvalhos a balançar como se quisessem fugir do solo. Toda a casa rangia como se fosse um barco à deriva no mar nervoso. Caiu a noite e a casa ficou mergulhada numa acentuada penumbra.

-Temos de iluminar este lugar! – Advertiu Acácio.

Ricardo observou-o, e no momento em que o velho passou em frente de um espelho fixo na parede, ele notou que a imagem reflectida não fora a de Acácio Trigueiro, mas a do velho Albuquerque, com quem ele sonhava por vezes. Sentiu um formigueiro subir-lhe pela espinha.

-Sim, vou arranjar alguma madeira seca para fazer uma fogueira. – Sugeriu Ricardo.

-Nós já estivemos aqui! – Argumentou o velho Acácio, colocando as mãos sobre o lume para as aquecer.

-Como é que é possível já termos estado aqui? – Inquiriu Ricardo com o seu ar curioso.

-Eu explico. – Replicou ele calmamente, retirando o cachimbo do seu bolso. – Trabalhamos nesta casa em 1808. Eu era o teu avô e trabalhava na fábrica, lá mais atrás. O Conde Darkmoon era o dono de toda a região.

- Como sabe tudo isso? – Inquiriu Ricardo com o seu rosto sagaz.

- Fiz terapia de regressão... há trinta e oito anos! Ainda durante a guerra, eu estava na marinha e fui destacado para embarcar num cruzador. Mas em Janeiro de 1962, o navio teve uma grave avaria e teve de atracar de urgência, permanecendo num estaleiro durante uma semana. Enquanto o reparavam, decidi fazer algumas expedições pela selva, onde acidentalmente, conheci uma jovem de nome Hadija Aljani, feiticeira de uma tribo chamada “Sarparra” (cortadores de cabeças). Ela disse-me que eu era perseguido por um vulto das trevas, então insistiu em me hipnotizar para me ajudar a perceber o meu passado. Só assim conseguiria livrar-me do mal que me perseguia há séculos. O que vi diante dos meus olhos foi um horror terrível e inexplicável.