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Por Trás dos Milharais

Por Trás dos Milharais - Capítulo II


Corri para o quarto e tentei dormir. 

No dia seguinte perguntei aos tios de Marcos sobre a porta que havia aberto no dia anterior.

-O que tem atrás daquela porta? – Perguntei, fingindo não saber de nada.

-Apenas um quarto antigo, inutilizado. – Disse Mario.

-Isso, inutilizado – Concordou Lucia.

Vi que era mentira, eles estavam escondendo algo.

-Vamos jogar Vôlei, quer vir conosco? – Perguntou Claire.

-Já vou indo. – Respondi.

Todo aquele papo de Cliv já tinha sido esquecido. Não contei a ninguém o que havia visto na noite passada pois não quis dar um alarme falso e ser visto como um trouxa. Tentei me distrair jogando Vôlei com meus amigos.

George foi o primeiro a pedir descanso, saiu no meio do jogo e se sentou num banquinho de toco de arvore.

-Falei para você não comer aquele ovo no café da manhã, George! – Gritou David.

-Vá a merda David! – Respondeu mostrando seu dedo do meio 
George estava suando como nunca. Ele se levantou e seguiu até o milharal.

-Vou explorar essa área pessoal! – Gritou.

-Espere! Eu vou com você! – Gritei, correndo atrás dele.

Percorremos um longo caminho até o milharal. Decidimos seguir caminho reto, para não nos perdemos.

-Estou vendo o fim. – Disse George.

Ao tirar o ultimo milho da frente de meu rosto, dei de cara com um enorme espantalho.

-Conseguia ver ele do quarto. – George segurou a mão do boneco e começou a simular uma briga com ele.

Olhei para os moradores de cima do morro. Consegui vê-los de um ângulo melhor. Pareciam ser muito pobres, mas isso não impedia as crianças de brincarem do lado de fora.

-Saca só isso John! – Exclamou George, apontando para o chão de terra.

-Ah, merda!

Havia sangue espalhado pelo chão em volta do espantalho.

-Eu vi um filme certa vez... Que o espantalho matava as pessoas... – Falou George olhando fixamente para o boneco de palha.

-Não seja tolo. – Falei, tentando acalmá-lo.

-Vamos – Gaguejou – Vamos sair daqui John.

-Vamos. – Disse.

Chegando em casa vimos a movimentação na parte interna da residência.

-O que aconteceu? – Perguntou George.

-Meu tio está passando mal. – Disse Marcos.

-Ele caiu das escadas – Respondeu Lucia. – Seu amigo David foi pegar algo para cobrir o ferimento.

David chegou correndo com ataduras e álcool.

-Aaaah – Mario gritou quando o álcool foi jogado em seu ombro.

-Calma, é para não infeccionar – Disse David.

-Mas como o ombro ficou tão ferido numa queda de escadas? – Perguntou Rebeca.

Ela estava certa, o ombro estava em carne viva.

-Cai de mal jeito querida – Respondeu Mario, de olhos fechados e aparentando estar sentindo muita dor.

Olhei pelas escadas e não vi nada que aparentasse uma queda. Mas a maçaneta da porta da frente estava com sangue, junto com gotas no tapete.

Um vento forte atingiu o milharal naquele momento, tive a impressão de ver a silhueta de alguém ali.

-Agora está tudo certo! – Gritou David, tirando meu olhar do milharal.

-Muito obrigado jovem. – Agradeceu.

Silhueta nenhuma estava mais lá....

Na manhã seguinte Lucia levou Mario ao hospital, para ver se nada de mais grave havia acontecido. Marcos se alegrou com a ideia de ficar sozinho na fazendo com seus amigos. “Vamos montar um acampamento do lado de fora!”. Ouvi ele enquanto estava no banheiro.

-Nem pensar cara! Não ouviu seus tios? – Disse Claire.

-Mas você é toda certinha mesmo não é? – David defendeu seu amigo.

-John, você também concorda? – Perguntou Marcos.

-Claro. – Decidi, tentando não ser estraga prazeres.

Mais tarde jantamos miojo, já que ninguém mais sabia fazer comida.

-Eu até gosto dessa porcaria – Disse George, de boca cheia.

-Sendo comida você gosta. – Falou David.

-Estou cansado de você me encher o saco cara. – Respondeu – Da próxima vez eu te arrebento.

David riu e continuou a comer.

Naquela noite levamos nossas barracas para fora e começamos a montar o acampamento. Enquanto todos ajudavam a montar as barracas, George olhava para o espantalho por cima do milharal.

-O que está havendo George? – Perguntei.

-O espantalho está mais alto. Antes não se conseguia vê-lo daqui. – Respondeu.

-Deve ser impressão sua. – Disse, mesmo percebendo que ele estava certo.

-Não! Não é.

Ele abaixou a cabeça e se virou para ajudar a montar o acampamento. Continuei olhando o milharal, lembrei-me da silhueta. Meu coração disparou de repente. Uma forte ventania atingiu o lugar. O chapéu do espantalho voou longe.

-Ajude aqui John. – Rebeca gritou.

-Está bem.

Após montarmos as barracas, David resolveu fazer uma fogueira usando pequenos gravetos achados pelo chão.

-Merda! – Gritou David - Precisamos de madeira de verdade.

-Vamos buscar então. – Falou Marcos.

-Vão vocês, eu fico por aqui mesmo. – George se deitou na barraca.

- Mas é um cagão. – David caçoou.

George realmente estava assustado. Resolvi deixá-lo com as meninas e fui ajudar David e Marcos a recolher madeira.

-Já temos o bastante – Disse Marcos.

-Então vamos. – Falei.

Estávamos perto das pequenas casas do morro, acreditei ter visto os moradores nos olhando pela janela.

-Que casas horríveis! – Exclamou David, com as duas mãos ocupadas pela madeira. – Você os conhece, Marcos?

-Pra falar a verdade não. Vim aqui poucas vezes, e quando era 
pequeno. – Respondeu.

-Eles parecem assustados conosco – Falei.

-Meu tio me falou que eles são envergonhados, apenas. Pedro mora naquela ultima casa. – Marcos disse, apontando para a velha residência.

-Aquele cara é muito esquisito. – David resmungou.

-Também acho. – Concordei.

Voltamos para o acampamento sem nenhum problema. David conseguiu acender a fogueira e nos reunimos em volta dela. Após inúmeras cervejas todos estavam quase no chão. Rebeca havia vomitado duas vezes e acabou caindo no sono antes de todos.

-Quer saber de uma coisa? – Disse David com a voz alterada pela bebida – Vou desafiar esse tal de Cliv. 

-Não brinque com isso. – Protestou George.

-Cala a boca seu gordo imundo. Vou acabar com ele e depois cuido de você.

Ele se dirigiu até o milharal. Levantei-me e o segurei.

-Calma cara, você está bêbado. – Falei.

-Deixa ele John, vai ser divertido. – Disse Claire, sentada na grama.

- Isso cara, deixa de ser estraga prazeres. Agora saia da minha frente.

E assim David se colocou de frente ao milharal. Abriu seus braços lentamente, formando um sinal de cruz. Sorriu para nós com orgulho. Abriu sua boca e gritou:

-CLIV! EU NÃO ACREDITO EM VOCÊ!

Todos ficaram em silencio. O vento soprou levemente, fazendo um barulho suave.

-Viram, isso é idiotice! – Exclamou, virando-se para nós.

-E o George dando uma de medroso. – Satirizou Claire.

A luz vinda da casa se apagou depois de um estrondo.

-O que foi isso? – Falei.

-Eu disse para não fazer aquilo, eu disse! – Gritou George, começando a se desesperar.

Corremos juntos para dentro da casa ver o que tinha acontecido. David e Marcos pegaram dois pedaços de madeira para se protegerem.

-Quem está ai? – Gritou Marcos.

Ninguém respondeu.

-Estamos armados, se você tentar alguma gracinha estará morto! – Ameaçou David.

Haviam cacos de vidro no chão da sala, olhei para cima e percebi que eram da lâmpada.

-Mas como ela foi explodir dessa forma? – Questionei.

-Não faço a mínima ideia, mas não é nada tão anormal – Respondeu Marcos.

Voltamos para o gramado e nos sentamos novamente.

-Vou acordar a Rebeca. – Falou Claire.

Ela entrou na barraca e deu um grito. Saiu pálida lá de dentro.

- Rebeca sumiu!

Marcas de terra no chão alertavam que ela havia sido arrastada
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Pacto de Ódio

Pacto de Ódio - Capítulo Final


-Mestre, meu filho... por favor, mestre, diga-me o que houve com Lucian! – implorou Susan, com os olhos transbordados em lágrimas. Seu marido estava postado ao seu lado, segurando fortemente em seu ombro, de cabeça baixa.

O mestre, com suas vestes negras de veludo, estava sentado elegantemente numa poltrona vermelha, segurando uma belíssima taça de cristal com relevos, cheia de um líquido escarlate e chamativo. Sob a mesa, um vaso sem flores, uma garrafa, taças e um punhal. A sala estava quente devido a lareira acesa, mas toda a mansão estava turbulenta diante dos novos rumores.

-Ele falhou – disse, bebericando o sangue.

-O-oque? Não, mestre... Como assim? – choramingou a mulher.

-Ele matou a mestiça; matou aquela que usaríamos em nossas pesquisas – disse num tom falsamente agradável - Nosso plano foi por água a baixo, Susan querida.

-Mas... onde ele está, mestre? – perguntou receoso o homem.

-No céu. – ele tomou um longo gole.

-C-como? – perguntou incrédula a mulher.

-Ela se envolveu com o anjo enviado; o nosso inimigo – o homem de cabelos negros estreitou os olhos e a suavidade de seu rosto desapareceu, a taça em sua mão explodiu devido a força em que ele a apertava – Lucian matou a mestiça e se uniu ao anjo – disse, com ódio – eles fizeram o pacto.

-Não – sussurrou Susan, aos prantos.

-Já estão mortos; vão reencarnar em breve, suponho – disse num suspiro pesaroso – perdemos um futuro grande líder, uma pena.

Ele pegou outra taça na mesa, encheu-a com sangue e tornou a bebê-la. Susan, com ódio, pegou o punhal em cima da mesa e cravou em seu próprio peito. O mesmo fez seu marido, mas nenhum dos dois puderam reencontrar Lucian, nem se vingar do anjo que o tornou impuro.
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Por Trás dos Milharais

Por Trás dos Milharais - Capítulo I



Milhos, milhos e mais milhos...

David estava no volante, cantarolando a musica Highway to Hell.

-Não consegue dirigir em silencio? – Perguntou George.

-Cala a boca! O carro é meu. Se não quiser ouvir vá a pé! – Respondeu.

Estávamos em seis no carro. Indo a cerca de 120 quilômetros por hora em direção a fazenda de Marcos. Ele iria encontrar-se com seus tios e passar as férias por lá, levando seus amigos com ele.
Claire e Rebeca eram as únicas mulheres no carro, conheço-as desde o primário. Já Marcos entrou na metade do ano em nossa classe do segundo ano. David era o cara “boa-pinta” do colégio, sempre bem arrumado e com bom papo.

George é o palhaço da turma, sempre dizia para ele ser comediante quando mais velho. Ele é um rapaz grande e gordo, sua respiração parece sempre ofegante.

-Seus tios são legais por nos deixarem vir com você. – Disse Rebeca.

-Eles são gente fina – Respondeu, tomando um gole de cerveja.
Estava entusiasmado para chegar lá. Eu, John, longe de tudo e de todos. E o melhor de tudo! Com meus melhores amigos! Achava que nada poderia dar errado.

-É logo ali – Disse Marcos – Nessa primeira entrada a direita.
O carro passou por uma entrada de terra e parou na frente de um grande portão de madeira.

-Tá. E como entramos? - Perguntou David.

-Então... Aperta o interfone ali playboyzinho. – Respondeu George, saindo do carro para abrir o portão.

Todos rimos da piada.

A fazenda era muito bonita, havia uma enorme casa de madeira no meio dela com uma piscina ao seu lado.

-Olha o tamanho da piscina! – Gritou Claire.

-Talvez eu caiba nela! – Exclamou George.

Nos dividimos para levar as malas para dentro da casa. Entrando nela cumprimentamos os tios de Marcos e nos dirigimos aos quartos.

A tia dele se chamava Lucia e o tio se chamava Mario.

-Eles são muito simpáticos. – Falei para Marcos.

-É de família. – Ele respondeu sorrindo.

Após nos acomodarmos fomos chamados para o jantar.

-Suco de maracujá! Eu adoro! – Exclamei admirando a mesa.

-Que bom querido. Espero que todos gostem daqui. – Disse Lucia, sorridente.

Conversamos bastante enquanto jantávamos. George arrotou umas cinco vezes e contou dezenas de piadas. Mas tudo foi atrapalhado por uma leve batida na porta da frente.

-Quem será? – Disse Marcos.

Mario se levantou e foi ver quem era.

Parte das portas da casa eram transparentes, apenas a da frente que era uma porta normal. Tive medo de ver algo ou alguém por lá, estávamos longe da cidade. E isso incluía os policiais e qualquer ajuda possível.

-Tudo bom com você Pedro? – Disse Mario abrindo a porta e abraçando o sujeito ali presente.

Todos olhamos a afinidade dos dois.

-Esse é o nosso mais próximo vizinho, mora aqui dentro da propriedade mesmo. Estava há um tempo fora pois foi se operar do coração.

Pedro era alto e forte, tinha a aparência estranha e não estava muito animado.

-Tenho que conversar com você Mario. – Disse Pedro, olhando seriamente ao amigo. – Podemos conversar lá fora?

Os dois se retiraram da casa.

-O que será que aconteceu? Parece serio. – Disse Claire.

-Não se preocupem jovens, não deve ser nada. – Falou Lucia.

Mas vi em seu rosto uma certa preocupação.

No dia seguinte tomamos café da manhã e nos dirigimos até a piscina para relaxar.

Olhei para cima de um pequeno morro e vi pequenas casinhas - se comparadas a dos tios de Marcos – muito distantes , ali deveria morar Pedro. Vi uma certa movimentação naquele local. Mais pessoas residiam lá, porém todos nos olhavam com certo receio, pareciam estar com medo.

-Olhem aquela gente lá em cima. – Disse, apontando com o dedo.

Todos os rostos se viraram para eles.

Na mesma hora as pessoas entraram em suas casas, como se estivessem se escondendo.

-Estranho! – Exclamou Rebeca.

-Devem ter se assustado com sua feiura David! – Disse George.

-Se assustaram com sua gordura , isso sim! – Respondeu, enfiando a cabeça de George na água.

Estávamos nos divertindo bastante por lá. Até que David resolvera passear pela Fazenda. Todos os seguimos, mas essa foi uma péssima decisão.

-Vamos voltar, já estamos andando faz tempo. – Resmungou George, já suando.

-Não andamos nem cinco minutos, pare de reclamar. – Respondeu David.

-Estou com ele, é melhor voltarmos. Podemos nos perder. – Disse Rebeca.

- Então voltem vocês, eu conheço esse lugar desde pequeno. – Falou Marcos.

Então caminhamos até um lugar onde dava-se para ver todo o milharal. Naquela hora já estava anoitecendo. O milharal, em certas partes, se mexia constantemente. Como se alguém estivesse passando por ele.

-Tem alguém no meio do milharal – Falei.

Todos olharam com atenção e conseguiram enxergar.

-É verdade... – Falaram quase em conjunto.

-Deve ser um trabalhador daqui, colhendo espigas. – Disse Marcos.

Isso me deixou mais calmo, aquele lugar era sombrio.

No jantar daquele mesmo dia nos reunimos novamente para conversar assuntos diversos.

-Em falar nisso Tio, vimos um cara no milharal, devia estar colhendo espigas de milho. E esses bobões ficaram assustados. – Disse Marcos, rindo da situação.

Lucia e Mario de entreolharam e ficaram sem falar nada por um tempo.

-Marcos. – Disse.

-Sim tio.

-Não temos colhedores de milhos por aqui.

Todos largamos os talheres e olhamos atentamente ele continuar.

-Tínhamos há um certo tempo. Mas desistimos do negócio... Mas aposto que era um vizinho passando por lá apenas... Eles sabem que não podem zanzar por lá...

Vi nos rostos de meus amigos um certo medo.

-Peço a vocês um pequeno favor. Não andem lá fora durante a noite. Muitos animais andam por aqui, vocês podem ser atacados.

-E também não conte aos seus amigos aquelas historias Marcos. – Disse Lucia. – Pode assusta-los.

-Obrigado por me lembrar tia Lucia! – Falou Marcos – É tradição assustar os convidados.

-Não andem lá fora durante a noite – Disse David em tom de deboche.

-Vamos respeitá-los David. – Rebeca rebateu.

David pegou as chaves de seu carro e se dirigiu até a porta.

-Vou até meu carro pegar meu boné.

-Espere! – Gritei. – Você não vai sair sozinho.

-Você é quem sabe. – Respondeu.

O barulho que a porta fez quando se fechou estremeceu meu corpo. Tudo estava escuro e quieto. David caminhava até o carro enquanto eu o seguia.

-Aqui está – Disse ele, pegando o boné no porta-luvas.

-Agora vamos. – Falei.

-Está com medinho, John? – Perguntou.

-Claro que não. – Respondi.

Ele olhou para mim e começou a rir. Acenou com as mãos para eu o seguir. Voltamos para a casa e fomos recebidos por Marcos.

-Vocês são surdos? Não escutaram meus Tios? – Gritou conosco.

-Calma cara, fui buscar meu boné! – Disse David, colocando o 
boné vermelho na cabeça.

-Acho melhor dizer a vocês o que acontece com quem sai a noite por aqui...

Marcos se sentou na mesa e começou a falar.

-Tudo começou quanto o dono dessa propriedade, meu bisavô, resolveu compartilhá-la com um grupo sem terra. A fazenda criava muitos animais e não fazia nenhum tipo de plantações ou algo do gênero. Com a chegada dos sem terra meu bisavô foi visto como um bom homem na região.

-Que porre. – Disse David.

-Mas como tu é chato cara! – Gritou George. – Prossiga.

-Então. O solo da região nunca foi produtivo, parecia até que alguém tinha jogado sal para que nada nascesse ali. Mas tudo mudou com a chegada de um sem terra chamado Cliv. Ele era um homem muito simpático e afetuoso, todos os adoravam. Certa vez ele prometeu ao meu bisavô que o plantio renderia naquele ano. Meu bisavô riu da situação e disse que não havia jeito de se plantar nada naquelas terras.

-E ele conseguiu? – Perguntei.

-Sim. Em um ano ele conseguiu o que em vinte meu bisavô jamais pensara em fazer. O milharal cresceu rapidamente. As espigas eram até exportadas, a qualidade era impecável. Mas meus parentes acharam tudo aquilo estranho, e foram em busca de respostas para o ocorrido. O grupo sem terra estava cada vez menor e o milharal cada vez maior.

“Como conseguiu isso Cliv?”
“Descobri apenas o que o solo queria, Senhor.”
“E o que era?”
“... o solo pedia sangue... sangue humano”

-Todos na família ficaram em choque e meu bisavô mandou um de seus criados trancá-lo em um quarto e depois matá-lo. No dia de sua morte ele escreveu com as unhas na parede de madeira: “Estarei vagando no milharal, quem quiser ter-me como companhia é só dizer que não acredita em mim.”

-Nossa que medo – Debochou David, erguendo suas mãos e balançando.

-E não acaba por ai. Os sem terras continuam na fazenda. Aquelas pessoas que vocês viram ontem são descendentes deles.

-Isso explica o medo... – Falei.

-Você está acreditando nisso, John? – Falou George.

-Se não está, deveria. – Continuou Marcos. – Um menino que morava ali em cima ouviu a historia e gritou bem alto de frente para o milharal: “Eu não acredito em você Cliv!”. Testemunhas por aqui disseram que ele foi puxado pelo pescoço por um enorme homem e levado para o milharal.

-Faço isso sem medo. – Disse David – Que bobagem.

Sempre fui de acreditar em coisas sobrenaturais, então tive receio de que algo ruim iria acontecer ali. Após aquela historia que Marcos contou, todos pareciam preocupados. Todos já estavam dormindo enquanto eu não conseguia fechar os olhos, me virava de um lado para o outro na cama. Me levantei e fui beber um pouco de água, na parte de baixo da casa. Fiquei de frente para as portas transparentes e fixei meu olhar no milharal. Nada acontecia, devia estar louco. Colocando meu copo na pia me virei para o corredor e percebi que haviam varias portas diferentes na casa. Uma parecia ser comum, outra era de madeira podre e a mais sinistra era de metal, cheia de trancas.

Me locomovi para ver melhor, senti que eles deveriam trancar algo muito importante ali. Empurrei levemente ela e por mais incrível que possa parecer ela se abriu. Era muito mais leve do que parecia. Espiei lá dentro e vi Mario segurando uma espécie de faca e resmungando. “Mario! Faça isso! Mario! Faça aquilo!” Foi só o que consegui ouvir. Ele raspava a parede com a faca, como se apagasse algo que estava escrito nela. Me lembrei da historia de Marcos na mesma hora. Olhei bem em meio a escuridão e vi apenas o ultimo trecho, ainda intacto. 

“ACREDITA EM MIM”
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Contos e Encontros Anormais

Contos e Encontros Anormais - Capítulo IX



A aparição, como sempre, flutuava incessantemente. Seus cabelos balançavam como se não houvesse gravidade, num misto de horror e fascínio. Agora com mais atenção, o pequeno conselho reparou que os lábios da aparição estavam como que colados. Os olhos, brancos como neve, pulsavam num brilho fosco na direção do grupo. Foi então que viram a boca da garota começar a se abrir, com os lábios sendo puxados e descolados enquanto um sangue muito escuro escorria da boca da criatura. Assim que a boca abriu-se o suficiente, um fenomenal grito ecoou pelo pátio do segundo andar do Bloco 2, fazendo com que o pequeno grupo levasse as mãos aos ouvidos para tentar suportar o barulho descomunal. 

Miranda, a detetive; Dilma, a diretora; Danilo, o coordenador; Eduardo, um professor; Heitor, um simples aluno metido em grandes problemas. O diversificado grupo estava agora no chão, com os tímpanos prestes a explodir enquanto a criatura jazia a cinco metros deles. Então, tudo parou. O grito desapareceu junto com a criatura, enquanto alunos começavam a sair das salas. Numa olhada para o relógio na parede, Heitor viu que era meio-dia. 

Quase um dia se passou desde que a professora de química havia se acidentado e caído da janela do Bloco 2, levando-a ao hospital. Quanto a professora Cíntia, esta agora passava bem depois do susto, com o diagnóstico de alucinação por estresse agudo.

Os alunos, vendo o grupo no chão, correu para ajudá-los a se erguerem. 

-V-vocês n-não viram aquilo?! - Perguntou Dilma, assustada e em prantos.

-Aquilo o que diretora? Não tem nada ali. - Disse uma garota baixa, de cabelos compridos, ondulados e pretos, que ajudava a diretora a se recompor. 

-Ai meu Deus, que dor de cabeça! Maldição, que merda foi aquela? Heitor, o que é isso? - Esbravejou Miranda, enquanto se apoiava numa mesa próxima para se levantar. 

-É ela! A aparição é a garota! Ela matou os pais!

-Do que esse louco ta falando? - Disse um garoto que estava na rodinha formada para ajudar o grupo de Heitor a se levantar.

-Não interessa. Obrigado pela ajuda, vão almoçar que aqui não tem nada pra ver. - Dessa vez, o tom de Miranda era tão superior e autoritário que imediatamente os alunos se dispersaram, assim como os boatos do ocorrido. 

-Eu sei o que fazer. Eu vi no... eu vi... no livro... - A voz, visão e audição foram sumindo aos poucos de Heitor, até que o mundo se fechou para ele e o desmaio foi inevitável, tamanho choque do acontecimento. 

Heitor acordou pouco tempo depois deitado na carteira de uma das salas do Bloco 2, porém não abriu os olhos. Pessoas estavam na mesma sala, e ficou ouvindo o que estavam falando. 

-É perigoso demais. Isso não pode ir mais longe do que já foi. Nunca imaginei que chegaria a esse ponto, não era pra ser assim. Gastamos fortunas naquela maldita obra dos infernos para achar o Trai Rubinus e nada! Apenas o que conseguimos foi morte e desespero. Iremos abortar imediatamente. - A voz era de Dilma, mas era impossível dizer com precisão. A cabeça de Heitor era pura dor e confusão.

-E perder milhões? Dilma, não podemos autorizar isso. É simplesmente jogar quase um ano de trabalho e dinheiro no lixo! Fizemos de tudo para disfarçar: atrasamos a obra, fizemos uma arquitetura moderna, até programa de paisagismo e plantio de árvores fizemos para encobrir todo o esquema. Isso não pode simplesmente parar. - Uma voz masculina desconhecida disse.

-Então me diz, Gilberto, como faremos para continuar com isso? Uma professora morreu no laboratório de informática, outra caiu de uma janela e provavelmente está tetraplégica, enquanto sua auxiliar desmaiou e está de licença por "alucinações causadas por estresse agudo". Me perdoe, mas isso não pode prosseguir. - Disse Dilma. 

Heitor não sabia quem era Gilberto, mas continuou prestando atenção. 

-Eu digo que devemos olhar naquele maldito livro que o garoto achou. Estudo Aprofundado de Parapsicologia e Paranormalidade, esse é o nome se bem me lembro. Eu dei uma folheada, parece que há algumas explicações sobre paranormalidade, fantasmas, demônios e outros fenômenos. Que tal pesquisarmos por profanação? - Disse Danilo, o coordenador. A consciência voltava lentamente a Heitor, possibilitando que reconhecesse as vozes do local.

-Não profanamos nada. O terreno é nosso, não podemos parar só por que...

-Olhe o que você está falando, Gilberto! Nós tomamos isso aqui de fazendeiros, nada é nosso! Se o que o livro diz estiver correto, profanamos este solo! - Disse Dilma.

-Não interessa. Não iremos parar. Falem com o garoto e descubram como parar com tudo isso. Não irei mais admitir essas aparições, muito menos vidros explodindo, laboratórios sendo arrombados ou qualquer outra morte! Usem o garoto se preciso for, mas parem com isso, e é uma ordem. E não digam nada sobre a operação para o garoto. Voltarei pra minha sala, me avisem quando conseguirem alguma coisa.

Gilberto saiu da sala deixando um clima tenso para todos. Dilma e Danilo estavam encostado à mesa da sala de aula, pensativos e com uma cara tensa. Assim que Heitor teve certeza que o tal Gilberto havia saído, abriu os olhos e se levantou lentamente. 

-Ah, finalmente a bela adormecida acordou. Uma hora e meia hein. - Disse Danilo.

-Por que ninguém veio me buscar?

-Não podemos nem iremos chamar sua mãe para isso, Heitor. O que vai dizer? Que desmaiou por que viu um fantasma? Patético! Liguei para sua mãe e disse que você teve um mal estar mas já estava melhor. Invente uma história decente e contorne esse problema. Ah, e tome aqui. - A diretora deu um pedaço de chocolate para o garoto. - Coma e se sentirá melhor. 

-Quem era Gilberto? De que operação ele falava? O que vocês fizeram? - Disse Heitor, angustiado.

Danilo e a diretora se olharam por alguns segundos, até que o coordenador deu a primeira palavra.

-Você estava ouvindo tudo? Por que não acordou? Diacho, você não podia ter ouvido nada daquilo! 

-Sim, eu não podia mas ouvi. Me contem o que está acontecendo, quero saber o que vocês fizeram. 

A diretora foi até uma das estantes da sala, revirou alguns livros e jogou na carteira em frente a Heitor um livro de capa vermelha, sem título nem autor, apenas com uma cruz, com medidas iguais do centro às pontas, em bronze e com uma pedra da cor do vinho no centro dela, em forma de gota. 

-Temos que conversar seriamente sobre a Trai Rubinus. Nada do que dissermos pode sair desta sala, ou muita gente vai se machucar. Você entende isso, Heitor? - Perguntou a diretora, olhando nos olhos do garoto. 

-Sim, entendo.

-Ótimo. O que você sabe sobre relíquias e maldições?
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Pacto de Ódio

Pacto de Ódio - Capítulo IV


-Você estava obcecada demais no seu novo namoradinho hoje – disse o rapaz, enquanto girava distraidamente o piercing de espinho na orelha - não me espanto que não saiba quem eu sou. 

Vendo que a outra não retrucaria, ele prosseguiu.

-Entrei hoje na escola também, me sentei atrás de você – ele estende a mão – sou Lucian.

No momento em que a mestiça encostou a mão direita na sua, ele automaticamente o puxou para mais perto. Cara a cara, Lauren podia ver os olhos verdes contornados de preto, sentindo as unhas pontudas acariciando seu pescoço. Seus lábios eram de um tom natural de vermelho sangue,  destacados naquele rosto pálido e pontudo.

Sentindo-se vulnerável por não reagir, e ainda mais tenso por estar naquela situação embaraçosa de novo, Lauren viu, como num filme chato e repetitivo, seus lábios serem tomados num beijo forçado e sufocante. E tendo seu corpo prensado no dele, a situação parecia ainda pior.

A língua do outro adentrava em sua boca, e as mãos deles seguravam em sua cintura, por baixo da camisa, ora subindo em seus seios, ora escorregando em suas costas. Sentia seu baixo ventre pulsando cada vez que aquele garoto tornava-se mais ousado, pondo sua mãos dentro de sua calça ou mordiscando seu pescoço.

Parte de si praguejava por a escola estar deserta depois do sinal e eles sozinhos, a outra parte torcia para que Andrew não aparecesse, ou melhor: que ninguém aparecesse.

Lucian desprendeu-se dos lábios da garota, mas não se afastou. Ambos tinham os lábios avermelhados e a respiração alterada, mas os dois, nem de longe sentiam a mesma coisa. O mais velho, com seu jeito excêntrico e vampiresco mordeu o lábio inferior o menor.

-Não diga me diga que prefere aquele cara – mordeu outra vez – quando pode ter a mim.

Lauren queria perguntar que droga estava acontecendo, qual era a daquele garoto e por que estava agindo assim, mas faltaram as palavras em sua boca quando, junto com uma série de arrepios, sentiu a mão do outro adentrando em sua calça e a masturbando lentamente.
 
Colando ainda mais no menor, Lucian passou a chupar seu pescoço, da forma mais sedutora e maligna quanto nenhum humano jamais ousaria fazer. Ele guiou a mão da garota até seu membro, sem parar de masturbá-la, e sentiu o quando o outro tremia ao encostar em si, assim como estremecia quando seus membros se tocavam. Lucian puxou a camiseta da menor, mordiscando lascivamente seus seios, pressionado ainda mais seu quadril no dela.

Sua audição apurada não perdia nenhum ruído no lado de fora; ele tinha plena noção de que logo chegaria gente ali.

Lauren sentiu o choque gelado da pia em suas mãos quando, num movimento rápido, o outro segurou em sua cintura, escorregando sua calças até o joelho. Um choque ainda mais gelado percorreu seu corpo quando sentiu o outro começando a penetrá-la.

•●†●•

À alguns quarteirões da escola, Andrew sentia um sensação ruim, algo intuitivo e desagradável. Ele deu meia volta e retornou apreensivo até a escola, ouvindo seus passos ecoando pelos corredores desertos. Ele adentrou no banheiro feminino, e suas desconfianças se concretizaram da forma que ele menos esperava.

Andrew, pela primeira vez, estava sem palavras. Seus olhos azuis e límpidos tinham o reflexo da garota deitada na pia branca de mármore, nua, com as pernas enlaçadas no quadril do vampiro, que a penetrava fortemente, fazendo-a fechar os olhos e arfar.

Ele apoiou-se na parede para não cair. O vampiro tinha total noção de que estava sendo observado; quando chegou ao seu êxtase, curvado sob o corpo da menor, ele mirava os olhos puros e azuis no reflexo do espelho. Com a ponta dos dedos, um toque sutil na testa do garoto o fez desmaiar imediatamente. O vampiro riu, satisfeito.

-Me diga, criatura maldita: quem foi mais longe? – ele se virou, ainda abotoando a calça.

-Você é podre – respondeu com escárnio – Ela não merecia isso.

-Ah, merecia sim, por ser tão ingênua – ele deu um passo em direção ao anjo, com seu sorriso maligno na face – você também merece, sabe.

-Não se aproxime!

-Hm, eu só estava tirando uma com a sua cara; não vou me rebaixar a esse ponto.

-Você já se rebaixou – disse, indicando o corpo desfalecido do rapaz.

-Não, eu disse que – ele riu, apoiando-se na pia – não me rebaixaria transando com você. Não quero me sujar, sério.

As portas dos boxes começaram a tremer, e o espelho começou a vibrar; o ar do banheiro ficou frio e turbulento. Das costas do garoto, um par de asas surgiu, rasgando sua camiseta. Na velocidade de um piscar de olhos, Lucian sentiu duas laminas cravarem em seu peito, empurrando-o contra a parede, fincando cada vez mais fundo em seus órgãos. Mas as pontas das asas de Andrew não eram lâminas.

Aproximando-se lentamente, suas asas ainda curvadas sob peito do outro, o anjo segurou em seu pescoço e o forçou a olhar para si.

-Repita o que disse, vampiro; ouse repetir.
   
Um gemido abafado foi apenas o que saiu dos lábios de Lucian. Num movimento brusco, ele puxou suas asas do corpo do mais velho. Sangue impuro manchava sua brancura e pingava no chão do banheiro. No mesmo instante as feridas se curaram no peito da criatura, ele estreitou os olhos e seus caninos cresceram dentro de sua boca. Quando ameaçou atacar, o anjo foi mais rápido e fincou suas asas em cada um dos pulsos do vampiro. Sangue escorria, mas ele não ousava gritar – não daria esse gostinho ao inimigo.
   
A proximidade era inevitável; cara a cara, eles se encaravam com ódio. À poucos centímetros, cada um se via refletido no olhar do outro. O vampiro cravou seus dentes no pescoço do anjo, mas não ousou engolir seu sangue. O chão tremia e nas paredes, pequenas rachaduras surgiam.
   
Ensanguentados e se odiando,  unidos num abraço de dor, cada um tentava proporcionar uma tortura mais crucial ao outro, sem se importar com mais nada. Lucian soltou o pescoço do menor e deixou o sangue escorrer livre em seus lábios, para as costas do anjo.
   
Quando os dois se encararam novamente, não sentiam mais dor. O anjo, de lábios vermelhos num tom de cereja, sentiu o gosto de seu próprio sangue adentrando em sua boca, e depois disso, mais nada importou. O vampiro, engolindo do sangue inimigo, num ato impuro e repugnante, saboreou do momento mais libertador de sua vida.
  
Lauren acordou com seu corpo todo dolorido, e sentia muito, muito frio. A pia abaixo de si vibrava e o espelho estava todo rachado, assim como as paredes. Ela se levantou rapidamente, mas ainda estava nu. Num momento de psicose, ela vislumbrou os dois garotos com quem havia se envolvido naquele dia, ambos ensanguentados e se beijando, sendo que um tinha uma visível marca de mordida no pescoço, e belas asas saindo das costas, fincadas nos pulsos do outro.

As portas dos boxes batiam freneticamente e as torneiras jorravam água para todo o lado. Os ponteiros do seu relógio de pulso estavam parados. Num ultimo suspiro, o corpo pendeu para trás e seu coração parou de pulsar também.

•●†●•
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Contos e Encontros Anormais

Contos e Encontros Anormais - Capítulo VIII


"Há quase 50 anos este terreno era uma grande fazenda de plantio de milho, que abastecia o comércio local e da região. A filha do fazendeiro, uma mulher muito ciumenta e possessiva, descobriu que estava grávida e ficou muito feliz com isso. Porém, quando foi contar à mãe sobre a gravidez, ela ficou furiosa pois a filha ainda não era casada e a expulsou da fazenda para sempre. Sem controle de si mesma, a garota brigou com a mãe e a jogou pela janela do segundo andar da casa, mas ela não morreu. Para completar o serviço, levou o corpo da velha 20 metros longe da casa e a enterrou viva. Quando o pai chegou e soube o que tinha acontecido, entrou em estado de choque e sofreu uma parada cardíaca. Assim como a mãe, a garota enterrou o pai 20 metros longe da casa, perto do corpo da velha. Passados alguns meses, a garota teve uma linda bebê rosada e saudável. Porém o destino prega peças, e apenas 6 meses após seu nascimento a criança teve pneumonia e não resistiu, morrendo nos braços da mãe, inconsolável. Esta, por sua vez, entrou em pânico e colocou a culpa nos pais, dizendo que eles haviam matado sua filha. Completamente louca, a garota passou a andar pela plantação, gritando que a culpa era dos pais e que eles eram amaldiçoados. Por fim, morreu de sede e fome poucos dias depois. Alguns vizinhos relatam que durante muito tempo ouviram a garota chamando por sua filha ou amaldiçoando os pais, e muitas vezes ouviram o choro de um bebê. Quando o terreno foi comprado para a construção da escola, os trabalhadores relataram que viram uma mulher desconhecida circulando pelas fundações, bem como ouviram chorou estridentes de noite. Claro que ninguém levou a sério tais boatos, mesmo por que depois do término da escola não se ouviu mais nada. Por alguma razão, a casa da fazenda foi mantida e hoje faz parte da escola... a mesma casa que a garota louca atentou contra a vida da mãe e provocou a morte do pai."

-E como você sabe disso, professor? - Perguntou Miranda.

-Na faculdade conheci um dos mestres de obra que trabalhou na construção dessa escola, e ele me contou tudo. Um homem sério, sensato e inteligente, que raramente brincava. Assim, creio que o que ele disse é realmente verdade. 

-Pode até ser... na verdade faz muito sentido. - Diz Heitor. 

-Quer dizer que tudo que está acontecendo é culpa do espírito dessa garota? A professora morta, vidros explodindo, tudo isso é culpa da garota, Heitor? - Pergunta Danilo.

-Sim, possivelmente... tenho uma ideia do que fazer, mas primeiro precisamos descobrir o que o espírito da garota quer. Pais mortos, filha morta, ela deve estar em busca de vingança, mas não faço ideia do que possa ser. Alguma outra informação, professor?

-Até onde sei é só isso. Você sabe como detê-la?

-Bom, quando alguém morre, seu espírito é destinado ao merecido lugar. Porém, aqueles que ainda tem problemas não-resolvidos aqui no mundo dos vivos ficam por aqui até que a dívida seja saldada,  e isso pode levar dias, meses, anos ou nunca pode acontecer.

-Certo Heitor, e como saberemos o que a garota quer? - Miranda pergunta. 

-Temos que invocar o espírito dela e forçá-la a dizer o que quer. Talvez algum médium ou algum ritual...

-Ou então podemos perguntar agora pra ela!

Danilo aponta para o pátio vazio, onde uma figura negra com cabelos vermelhos e olhos sem vida fitava o pequeno grupo.
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