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Pacto de Ódio

Pacto de Ódio - Capítulo I



O sentimento crucial que une dois inimigos pode ligá-los para sempre. E se distorcer conforme o tempo. Anjos e vampiros não podem se amar. Mestiços não podem existir.

As estátuas acinzentadas de anjos e santos pareciam ainda mais melancólicas vistas daquele ângulo, envoltas por uma névoa densa e espectral, e sob a luz de uma lua cheia amarela - que aparecia e sumia entre as nuvens negras.

Um grupo pequeno de mais ou menos dez pessoas caminhava entre os túmulos, com suas capas negras esvoaçando conforme seus passos. Quando se aproximaram do ponto mais antigo do cemitério, onde somente as criptas e as gavetas ficavam instaladas, eles formaram uma meia lua, deixando apenas um homem ao centro.
Sua expressão era felina e ameaçadora; a cabeça inclinada para baixo e as mechas negras caindo sob o rosto pálido, com os olhos escuros arregalados de um jeito acusador, mirando cada uma das silhuetas a sua frente. Todos os familiares permaneceram inertes.

- Vocês sabem por que estão aqui? – disse o homem, com sua voz rouca e suave – Sabem por que os convoquei esta noite? – todos negaram levemente com a cabeça – Pois bem, chegou ao meu conhecimento uma notícia um tanto... desagradável. Há quatorze anos, quando a jovem Lohane resolveu quebrar nossas regras e fugir com aquele humano, vocês lembram? Sim, claro que lembram, foram vocês que a acobertaram, não é? – todos de moveram, desconfortáveis – Mas vejam só, meus amigos, a imprudência dela a levou para o túmulo, junto com seu pútrido e amado humano, fato que comprova o que acontece com quem desrespeita as minhas regras. No entanto, recentemente chegou ao meu conhecimento que Lohane estava grávida naquela época – ele parou frente a uma moça de longos cabelos castanhos – Alguém nega que sabia disso?

-Mestre, achamos que...– sussurrou a mulher, mirando o chão sem piscar – achamos que o bebê havia morrido também.

-Olha só, vocês sabiam que ela tinha tido um bebê. Uma... – ele franziu o rosto numa expressão de nojo – mestiça.

-Mestre, perdoe nos... – sussurrou o homem ao lado da moça, com a voz trêmula.